O herói obsoleto se tornou constante no cinema realizado nos últimos anos. Até personagens supostamente infalíveis e “maiores do que a vida”, tais como James Bond, vêm enfrentando a dura realidade do fim dos tempos áureos. Além disso, a idade e a consequente proximidade da morte pesam para todos, inclusive aos sujeitos considerados intocáveis. Em Gato de Botas 2: O Último Pedido, o intrépido Gato de Botas (voz original de Antonio Banderas) recebe um diagnóstico terrível depois de salvar novamente o dia numa cena empolgante. Ao morrer pela oitava vez, o felino é avisado de que a próxima passagem será a última. Disso em diante, temos alguém que começa a temer a morte, sobretudo depois que a encarnação lupina e macabra da inevitável teima em persegui-lo para acelerar esse processo do fim. De uma hora para outra, o aventureiro feito com elementos de contos de fadas e de histórias de capa a espada percebe que o melhor a fazer é abandonar os hábitos perigosos e tentar recomeçar em outro contexto, como animal domesticado que sobrevive longe das emoções. É mais ou menos o que acontece com o protagonista de O Lutador (2008), vivido por Mickey Rourke, homem que precisa se aposentar da atividade amada e se contentar com a rotina pacata para manter o coração batendo.  Em ambos os casos a pergunta implícita é: vale seguir vivendo se não houver paixão?